Geladeira brasileira com Linux! É nóis!

Matéria retirada do site zumo.uol.com.br e escrita por Henrique Martin em 30/11/2010 – 18:21, todos os créditos são dele! Eu só copiei a matéria para compartilhar com vocês.

O refrigerador acima, com o pomposo nome de Electrolux Infinity i-Kitchen, roda Linux embarcado em uma tela sensível ao toque do lado de fora do aparelho (óbvio) e que realiza algumas funções básicas como mostrar receitas e fotos. Ela já está à venda no mercado brasileiro (preço sugerido: R$ 5.999) desde outubro.

O mais legal: todo o desenvolvimento de hardware e software foi feito aqui no Brasil, pelo pessoal da ProFusion, lá de Campinas, em parceria com a turma da Electrolux (em Curitiba) e da Freescale (também em Campinas). Conversei hoje com o pessoal da ProFusion sobre o projeto e outras coisas bacanas que podem vir no futuro para geladeiras e eletrodomésticos em geral.

A configuração da “geladeira” é um computador sensível ao toque (tela de 800 x 480) com processador Freescale (iMX25 de 400 MHz com arquitetura ARM) e uma entrada USB para mostrar fotos na tela (e atualizar firmware, mas não conte isso pra sua mãe). A capacidade do refrigerador é de 540 litros.

A turma da ProFusion (Gustavo Sverzut Barbieri, Ulisses Furquim, Luis Felipe Strano Moraes, Rafael Fonseca e Bruno Dilly) se formou na Unicamp, passou um tempo no INDT em Recife e voltou para Campinas pra criar software para sistemas embarcados em diversos projetos. “Usamos uma plataforma baseada no Freescale já usado em carros, e tivemos que criar uma interface gráfica fácil de usar e intuitiva”, diz Barbieri.

Mas que diabos esse PCzinho embarcado faz? Tem um 600 receitas (em 7 categorias, fornecidas pela revista “Cláudia”), funciona como porta-retratos digital, marcador de recados, organizador de tarefas, agenda com contatos telefônicos, calendário e 50 dicas (!) para “facilitar o dia-a-dia, promover o bem estar e contribuir para a preservação do meio-ambiente”. Item essencial off-tecnologia: máquina de gelo na porta.

Os desafios do projeto, pro pessoal da ProFusion, foram otimizar o software ao máximo para o hardware (que, digamos, não é nada comparável a qualquer smartphone com chip de 1 GHz hoje), deixar o boot mais rápido e a interface mais bonita. Todo o desenvolvimento foi feito em um ano (mais ou menos) e vai funcionar como um “abre-alas” pra empresa, que tem outros projetos embarcados em desenvolvimento (citam como clientes Samsung, Google e Intel/projeto MeeGo).

Mas, após uma geladeira com tela sensível ao toque e “receitas de revista Cláudia”, o que pode vir em um futuro eletrodoméstico embarcado? Na visão dos caras, um monte de coisa. “Conectividade estava nos planos desse refrigerador”, explica Barbieri, “mas ficou de fora”. Quem sabe em versões futuras? “Tem que ser um acesso direcionado à web. Ninguém vai ficar navegando em pé na porta da geladeira. Dá pra acessar receitas em um site, ou enviar pra um parente. Ou ver fotos no Flickr como porta-retratos, acessar previsão do tempo.”

Em um passo mais além, Barbieri pensa grande: “por que não ajustar o relógio do refrigerador via internet e, com isso, programar outros eletrodomésticos em volta?”. O hardware para esse tipo de recurso existe (Wi-Fi, 3G, Zigbee). Mas, pelo discurso, dá a entender que o próximo recurso será mesmo um navegador para um futuro refrigerador – afinal, não existe “mágica” ainda que detecte o estado dos alimentos dentro de uma geladeira e mande instruções pro seu celular quando estiver perto do supermercado (ideia dos caras, garanto). Eu, particularmente, não pagaria R$ 5.999 em uma geladeira, mas quase toda inovação começa cara até se popularizar, certo?

O refrigerador em um vídeo oficial:

Aproveitei a conversa com os meninos da ProFusion pra fazer a classica pergunta: “e onde vocês encontram gente pra trabalhar com sistemas embarcados?”. Resposta: “É difícil pra caramba”. A empresa usa a Unicamp como base para fomentar profissionais, “mas não é suficiente”, nas palavras de Barbieri. “Estamos sempre procurando profissionais também na USP e Unesp, acabamos de contratar dois argentinos e estamos expandido horizontes. Treinar gente também é caro, demora para o funcionário começar a produzir”, conclui. O que causa tanta falta de gente? Hoje, o caminho mais fácil se chama “desenvolvimento para iPhone”, em um mercado que começa a mostra sinais de saturação – a conferir.