Adobe Photoshop, Adobe Premiere, Adobe Illustrator, Adobe After Effects, Adobe Lightroom. Adobe, Adobe, Adobe, Adobe, Adobe e ainda mais Adobe.
Se você é um artista e tem utilizado Linux há algum tempo, provavelmente já deve ter tropeçado na Internet em algum artigo que fala sobre a falta de editores gráficos profissionais para ele. E posso dizer com quase toda a certeza do mundo que 100% de todas as agências de publicidade no Brasil usam produtos Adobe ou Corel, não há versão de nenhum dos dois para o nosso querido pinguim.
Eu não sou exatamente um artista. Mas, assim como você que lê esse artigo, também acho que damos falta de muitos softwares de qualidade profissional para Linux (ao menos para o Ubuntu, que seja esse o padrão da indústria, pelo menos é algo!). E assim como você venho há um bom tempo defendendo o Linux e mostrando programas como GIMP, Inkscape e Kdenlive para todos aqueles que nos dizem que o mercado comercial do Linux é como uma piada de mau gosto.
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Dependência da Adobe?
Sei que faz isso porque parece que todos nós, utilizadores do kernel mais famoso do mundo, fazemos. E embora todos os programas citados sejam excelentes e eu os utilize quase diariamente, ainda faltam mais deles. O que mais há na Internet além de trolls são pessoas que dizem adorar Linux, mas que não podem mudar de sistema operacional porque dependem da família Adobe. Chegou recentemente para o Mac um aplicativo chamado Affinity Photo, um terrivelmente forte concorrente para o Photoshop. E eu, ingênuo como sempre, resolvo digitar no Google uma variação da combinação de palavras que mais utilizo: “Affinity Photo” + “Linux”.
Foi um erro fazer isso, sim. Pois é dessa maneira que sempre encontro pessoas que esculacham a plataforma livre, falando que ela é escassa e que falta múltiplas coisas. Os desenvolvedores do aplicativo não se mostraram relutantes a fazer uma versão para Linux. Eles são uma empresa, então sempre levam em consideração uma coisa antes de tudo. A primeira coisa que um dos moderadores comentou foi, traduzindo: “Nós apenas faríamos uma versão para Linux se fosse de certeza que receberíamos de volta os $500,000 que nos custaria criá-la”. Não demorou muito para que mais usuários Linux entrassem na conversa e sugerissem ao desenvolvedor fazer uma campanha para arrecadar fundos e desta maneira ele saberia se a plataforma valeria a pena. A reclamação não é sobre isso, mas sim sobre o que os usuários que utilizam Windows e Mac falaram logo em seguida.
Há um argumento utilizado na Internet que julgo ser mais antigo que o próprio Tempo. Ele é assim: “Não há motivos para se usar Linux, pois ele não possui nenhum software profissional disponível”. E embora valha a pena falar Lightworks, DaVinci Resolve, Blender e Maya, é também de se impressionar que eles usariam esse argumento de maneira tão… estúpida.
Se você não vê a ironia da frase, permita-me explicá-la carinhosamente: Eles estão justificando não fazer um programa para Linux por conta da falta de programas para Linux. É simplesmente a coisa mais estúpida que já vi na minha vida toda, e olhe que já li muitos comentários no YouTube! Os Janeleiros, é claro, comentam que valerá mais a pena para a empresa fazer primeiro uma versão para o sistema do Tio Bill – o que não digo ser mentira, mas odeio-os por se acharem na necessidade de falar algo do tipo mesmo já tendo em mente que a empresa com certeza está pensando em algo do tipo, afinal, elas sempre estão.
“Talvez devêssemos criar um Kickstarter para uma versão Linux. Devemos estabelecer a meta de $500k e ver o quanto conseguimos.” TonyB.
O comentário logo abaixo desse nos mostra outra parte da Internet, pessoas que não conhecem nada e pretendem saber de tudo. Ele fala qeu seria preciso também outra campanha para criar uma loja de aplicativos para Linux, e embora muitos tenham falado da Central do Ubuntu, deveríamos nos lembrar que isso não é necessário. Talvez seja para Mac, mas não para o pinguim. O próprio Lightworks é apenas oferecido no site da empresa, onde e possível fazer o download de um .deb, assim como é feito com a versão .exe.
“Você poderia iniciar outro Kickstarter para fazer designers usarem Linux. Deveria colocar a meta como unicórnios e arco-íris.” AshTeriyaki.
Um usuário chamado Mimbik levantou um ponto-chave absolutamente incrível que eu ainda nem mesmo havia pensado. Há muitas pessoas que não deixarão de usar os produtos Adobe para usar Affinity, e ainda não há nenhum produto da empresa concorrente na plataforma livre, enquanto a grande maioria dos usuários dela utilizam o Mac. Então por que perder tempo batalhando com a gigante dos gráficos quando a empresa poderia agarrar todo o mercado do Linux por completo? Affinity seria, pelo que sei, o único aplicativo profissional para edição de imagens para Linux, é basicamente mamão com açúcar, como dizem. Eles não possuiriam absolutamente nenhum concorrente, então não investir no Linux seria, atrevo-me a dizer, uma idiotice da parte deles.
E agora voltamos ao ponto principal: Se o maior argumento para companhias não fazerem produtos para Linux é o fato de não existirem produtos para Linux, o kernel poderia muito bem deixar de existir, afinal, é inútil. É algo incrível e que eu chamo de “paradoxo da ignorância e estupidez”. Talvez o maior problema do Linux é que ele não esteja presente na vida de muitas pessoas. E nem mesmo nunca estará. Nenhum deles nem mesmo nunca usaram um produto com esse sistema de pobres, Linux.
Nenhum deles ouviu falar da NASA; nunca foi a um aeroporto; nunca ouviu falar de Android; nunca ouviram falar de robôs; nunca acharam necessários serviços de controle de tráfego; nunca desejaram possuir um carro inteligente; nunca ouviram falar da CERN; nunca viajaram de avião e, é claro, nunca utilizaram a Internet.
Arranjar argumentos para não fazer um produto para Linux é simplesmente estúpido, até mesmo o argumento de investimento. Se a empresa está determinada, faz um Kickstarter e logo descobre se vale a pena. Até o momento, o mercado do Linux é tão fácil quanto vender uma lanterna para um minerador, visto que a loja de lanternas mais próxima fica apenas em outro país… situado em outro planeta.
Linux foi o passado, é o presente e será o futuro, sempre. Não importa quantas vezes você diga que não o usa e nem nunca usará, você ainda assim terá um contato com ele. Então por que não começar a investir logo no começo?
Fontes: bit.ly/1KR4iAi e bit.ly/1E6xPlr