Ubuntu e Mac OS X: o futuro dos sistemas operacionais

A algum tempo que venho ouvindo por aí que os sistemas operacionais ficariam obsoletos com o tempo, sendo tudo gerido na “nuvem” como queria e pretendia o Google com seu ChromeOS (alguém ainda lembra disso?). Pois então, o que parecia um vaticínio para os sistemas legados e instalados resumiu-se a mais uma onda que morreu na praia.

Distros Linux

Qual então é a importância de um SO?

Para nosso uso diário do computador, seja ele desktop ou notebook- é toda! Ter acesso local a nossos arquivos e aplicativos e poder usá-los aonde e quando quisermos faz toda a diferença. Contudo, é inegável a importância da nuvem sobre nossa vida digital. Mas isso é tema para outro artigo. ;)

Qual a importância do Ubuntu e do MacOS X para a computação moderna? – O Linux e o kernel do BSD que deu origem ao MacOS, ambos kernel livres (kernel é o núcleo do sistema), dois projetos que nos legaram o que há de mais moderno e avançado em computação e entretenimento digital, são dois projetos baseados em Software Livre. Mas ora, os MacOS não é livre, alguns dirão – sim e realmente não o é. Mas sua origem sim e é aí que estamos nos baseando. O MacOS é um sistema resultante do Darwin, um sistema BSD-Unix que a Apple usou para montar seus sistemas. Aí resvalamos nas discussões de alguns linuxistas que confundem OpenSource com “de graça”. O fato da base do sistema ser livre não o torna imediatamente de graça. Toda a produção, pesquisa e pessoal envolvido na criação de uma obra de arte como é esse ecossistema operacional precisam ser remunerados de alguma forma. E ao contrário do Stallman e do Maddog, eu não vejo mal nenhum nisso. Todos nós temos que pagar as contas no final. E foi assim que do Darwin nasceu o MacOs e todas as suas últimas versões… de um software livre. Basta visitar o site dos projetos opensource da Apple e vocês verão.

Bem e o Ubuntu com isso?

O Ubuntu é a terceira via. É o desvio do status quo. O projeto Ubuntu é algo for a da curva e nesse ponto que vamos nos ater.

O Ubuntu nasceu despretensiosamente do esforço e ideal de Mark Shuttleworth. Um cara que ficou milionário cedo, desenvolvendo sistemas de pagamento on line, tais como o Paypal, lá na África do Sul. Ficou rico ao ponto para se dedicar a uma ideia promissora e visionária – criar um sistema operacional, tão fácil de usar quanto o Windows e tão poderoso e eficiente quanto o MacOS. E para surpresa e descrédito de alguns linuxistas, ele conseguiu. Assim como o MacOS é baseado é um sistema maior e ancestral, o Ubuntu também segue a mesma linha,sendo resultante de um projeto maior -o Projeto Debian -que lhe deu as bases e alicerce.

Atualmente o Ubuntu é Debian-like com personalidade própria e com cara própria também. O Unity é o diferencial estratégico do Ubuntu. Apesar da gritaria foi uma decisão acertada, acreditem.

A Canonical criada por Shuttleworth mira mais longe que muitos possam supor. E vamos combinar, poucas empresas no mundo podem ser dar ao luxo de viver e de ganhar dinheiro com Linux como a Canonical conseguiu.

Ao contrário de vários casos, e vide o caso Mandriva, que não nos deixam mentir. E é aí que mora meu argumento. Por que a Mandriva ,teoricamente maior e mais antiga quebrou e a Canonical e o Ubuntu vicejam – está no diferencial de inovação. Para quê manter projetos que não se diferenciam em nada? Quem usou sistemas baseados no KDE e pacote .rpm sabe bem que estou falando. Não há menor diferença em usar um: Fedora, OpenSUSE, Mandriva, Arch. As poucas diferenças estavam nos gerenciadores de pacotes, cores e dificuldades inerentes a configurações.

Durante muito tempo, ser difícil de usar era o diferencial das inúmeras distro. Até a chegada do Ubuntu. O que torna o Ubuntu potencialmente bem sucedido agora e no futuro. Não é simplesmente sua facilidade de uso, mas sim sua capacidade de inovação. A capacidade de criar um conceito de marca em torno do sistema. Uma marca é o principal passo para se criar demanda e primeiro passo para se criar um produto. Um produto que é e sempre será entregue de graça, mas que pode sim, ser consumido em larga escala. E é nessa aspecto que o Ubuntu será destaque nas próximas décadas. A batalha pelos sistemas não passará mais pelo Windows. Essa plataforma já chegou ao ápice da sua base instalada. A batalha será entre os sistemas que são capazes de inovar e serem úbiquos: estarem em toda parte. E nesse aspecto o único sistema que pode rivalizar com o MacOS é o Ubuntu. E para assistir essa batalha, eu pago pra ver.

Essa semana rolou a UDS onde várias notícias interessantes foram divulgadas e ventiladas sobre o desenvolvimento do da próxima versão a Quanta Quetzal, a afirmação pública e notória sobre Goobuntu (Ubuntu do Google) como principal plataforma de desenvolvimento e trabalho. E afirmação de Mark Shuttleworth sobre a próxima versão LTS 14.04 – será a melhor plataforma do mundo, afirma Mark. E não temos por que duvidar. Certamente o será. O que a Canonical está conseguindo fazer em termos de inovação tem como meta criar um ecossistema de negócios em torno da marca Ubuntu: Ubuntu TV, Ubuntu for Android, UbuntuPhone(?), Ubuntu One, parceria OEM com a Dell, com a ACER…- tudo isso junto vem criando uma onda de inovação e expectativas que tornam o Ubuntu a plataforma ideal para muitos negócios e usuários.

Sobre inovação quero deixar com vocês a seguinte meditação – o conceito sobre inovação: A Idade do Bronze não começou simplesmente por que acabaram as pedras na Idade da Pedra.- Inovação é se antecipar a demanda.

 Por Leandro França de Mello

Administrador de Empresas,Analista de Sistemas e Professor.
Entusiasta do software livre e do Ubuntu desde as primeiras versões. Atua como consultor de TI  para diversas empresas e governos no Rio de Janeiro. Trabalha com SEO na Djins. www.djins.tumblr.com